Clara Tremblay, atleta de volteio, é a mais nova de todo Jogos Equestres, na França.
O hipismo costuma ser o esporte em que atletas mais velhos conseguem bons resultados, como o canadense Ian Millar que, aos 67 anos, está nos Jogos Equestres pela sétima vez. Mas, no volteio, modalidade que é uma espécie de ginástica artística sobre o cavalo, uma brasileirinha de nove anos é o destaque da equipe que está na França para a competição mais importante do ano, que tem início nesta terça-feira. Clara Tremblay é a “voadora” da equipe, aquela que é levantada pelos companheiros durante a apresentação. A jovem atleta afirma não ter receio de fazer acrobacias a quase seis metros de altura:
– Eu não tenho medo porque confio nas minhas duas bases, a Thaís e o Izac. Eles me passam muita confiança – explicou a pequena atleta.
Thaís, uma das mais experientes, treina com a seleção há quase quinze anos e explica a importância de Clara para o time:
– Uma equipe tem seis atletas, e três sobem no cavalo de cada vez. Ela tem que ser pequena, bem leve, porque ela que vai lá em cima. Ela é a mais madura entre todas nós. Às vezes converso com ela de igual para igual e eu tenho vinte anos a mais que ela, que tem uma maturidade incrível – explicou Thaís.
A apresentação de uma equipe de volteio tem música de fundo, e os atletas precisam fazer acrobacias em cima do animal. Os cavaleiros e amazonas precisam apresentar equilíbrio, sincronia, integração e espírito de equipe. Existem elementos obrigatórios e livres, e as notas são dadas conforme o grau de dificuldade da apresentação.
Entre os sete atletas da seleção brasileira, está apenas um homem, Izac Araujo, na seleção há 15 anos e que esteve nos últimos dois Mundiais. Ele, 19 anos mais velho que Clara, afirma que a jovem amazona dá uma aula de maturidade:
– Ela tem cabeça de adulto, e eu tenho cabeça infantil. A gente se completa. É uma relação de irmão, um ajuda o outro. E, neste caso, eu sou o irmão mais novo – disse Izac, sorrindo.
Clara tem uma rotina cansativa, dividindo a escola com o esporte. O dia a dia dela na hípica é igual ao de um atleta de qualquer outra idade. Ela corre, alonga, ajuda a aquecer o cavalo, se prepara em uma espécie de totem e aí sim vai para a parte que mais gosta:
– Eu quero mesmo é subir no cavalo. A coreografia que eu mais gosto é a de parada de mãos. Eu seguro na mão do Izac e fico lá em cima – disse a atleta.
Luciana, mãe da pequena estrela do hipismo nacional, está com um sorriso de orelha a orelha com a presença da filha na equipe. Ela, que acompanha a pupila no Mundial, conta que a paixão pelos cavalos vem desde muito cedo:
– É claro que eu vim para a França, quero ver tudo de perto, vai ser emocionante. Ela sempre gostou de cavalos e faz três anos que treina volteio. A Clarinha começou por conta de uma indicação de uma prima dela. É um esporte importante pois ensina muito a trabalhar em equipe – explicou a mãe “coruja”.
Nos Jogos Equestres, são 18 equipes na disputa do volteio e, ao todo, 175 atletas. No último Campeonato Mundial, em 2010, a seleção ficou na sexta posição, mas o resultado dificilmente será repetido. O grupo está totalmente renovado, e o objetivo é disputar a final, entre os 12 melhores.
– O Brasil já teve um resultado muito bom há quatro anos. Ficamos em sexto, com uma equipe experiente. Desde o ano passado, o time foi praticamente inteiro renovado. Nossa ideia é conseguir se classificar para a próxima fase, ficar entre os doze. Na final, quem sabe conseguir subir e ser um dos dez primeiros colocados – disse Thaís.
Além de Clara, Thaís e Izac, o time ainda conta com Fernanda Dib Gabrie, Gabriela do Amaral Pena, Izac Silva de Araujo, Marina Guedes Gargantini, Olivia Tavares Vieira da Cunha e Yasmin Rossini Rahme. A equipe está quase completa na França para os Jogos Equestres. A ausência é o cavalo Olegário, que ficou no Brasil, pois a montaria usada na competição é dada pela organização.
As atletas fizeram um período de treinamento na Alemanha, onde conheceram o cavalo que vão usar no Mundial.
As provas de Volteio começam amanhã as 9h30 (hora local) e o Brasil será a quarta equipe a se apresentar.
Fonte: Globo