EQUITAÇÃO CLÁSSICA por Ingrid Borghoff Troyko

A amazona e juíza de adestramento Ingrid Borghoff Troyko, que é Pentacampeã Brasileira de Adestramento Clássico, e conquistou vários títulos de Campeã Paulista de Sênior, medalha de Bronze por Equipes nos Jogos Pan-Americanos do México, Vice- Campeã do Torneio Internacional de Aachen em 1972, escreve ótimos artigos sobre Adestramento Clássico. Veja abaixo um deles.

ADESTRAMENTO = HARMONIA

O Adestramento básico é o fundamento do trabalho de qualquer modalidade da Equitação Clássica. Ele prepara o cavalo para um bom condicionamento atlético, aprimora a comunicação entre cavaleiro e cavalo, ensina os comandos de uma maneira sutil e precisa, facilita a sua condução e melhora, quando preciso, o temperamento do cavalo sem tirar sua naturalidade e nobreza.
O trabalho de Adestramento em si, molda também o caráter e temperamento do cavaleiro, sendo esta modalidade indicada para os jovens e crianças.
Evoluindo nesta modalidade, onde dois seres vivos atuam e trabalham em conjunto, o ginete terá a percepção que o Adestramento Clássico não é somente uma modalidade da Equitação, porém mais que isto, ela se transforma em Arte!
O objetivo desta modalidade é fazer com que cavalo e cavaleiro trabalhem juntos em harmonia- um equilíbrio só com muita expressão atlética.
Por exemplo, a execução da figura de um alto calmo e bem feito, até o movimento mais expressivo de alongamento das andaduras, requer harmonia e comunicação sensitiva com um assento correto do cavaleiro e ajudas imperceptíveis, isto feito tanto no cavalo novo como no de um grau superior.

Quando se pede um exercício mais exigente, é necessário ter sensibilidade e consciência, para que as ajudas sejam corretas e bem definidas sem perder a harmonia. O trabalho de Adestramento não é uma modalidade exclusiva em si, mas a base fundamental para toda a equitação, mantendo a harmonia, seja também no Salto ou nas provas de CCE. A visão do trabalho deste binômio em perfeita sintonia demonstra beleza, movimentação perfeita e graça.
Porém o cavalo é um animal nobre e sensível e não deve ser insultado ou abusado por um tratamento rude e incorreto. O sinal mais óbvio de harmonia é o cavalo trabalhando em completa descontração em todos os exercícios, mesmo nos movimentos mais difíceis.
A descontração do animal deve ser física e mental – esta vem com a familiaridade e confiança que se consolida com o respeito ao cavaleiro.

Cavalos são típicos animais de manada e atendem facilmente aos seus “chefes”. Para o cavalo, o ginete é seu líder no qual ele pode ”confiar e respeitar” – cabe justamente ao cavaleiro criar esta parceria.
O Objetivo do Adestramento
É o desenvolvimento harmonioso do físico do cavalo e da sua habilidade.
Como resultado teremos um cavalo calmo, descontraído, flexível, elástico e solto, mas ao mesmo tempo, atento, confiante e disposto, alcançando assim a perfeita compreensão com o seu cavaleiro.
Estas qualidades são reveladas com:
-Liberdade e regularidade de andaduras.
-Leveza dos anteriores e engajamento dos posteriores de onde se origina a impulsão.
-Harmonia, liberdade e facilidade de movimentos.
-Aceitação da embocadura, com submissão constante e sem qualquer tensão ou resistência.
-O cavalo dá assim a impressão de estar fazendo por si mesmo o que o cavaleiro lhe pede com as ajudas. Confiante e atento, ele se submete generosamente ao controle de seu cavaleiro, permanecendo reto em quaisquer linhas retas e encurvado de acordo com as linhas curvas.
-O Passo é regular, solto e descontraído. O trote é livre, sem tensão, regular, leve e cadenciado.
-O galope é equilibrado, organizado, leve e cadenciado.
-Os posteriores nunca estão inativos ou preguiçosos.
-Ele atende à mais leve indicação do cavaleiro, dando assim espírito e vida ao resto do corpo.

Com uma viva impulsão e descontração das juntas, sem resistência em sua musculatura, o cavalo obedece docilmente e sem hesitação – ele responde prontamente às várias ajudas, com precisão e calma, mantendo a naturalidade e um equilíbrio harmonioso, tanto físico como psíquico.