Imagine poder observar cada detalhe do salto de um cavalo de corrida e com isso fazer uma análise dos pontos fracos e fortes que muitas vezes passam despercebidos a olho nu. Pois este foi o tema do trabalho de iniciação científica “Análise Cinemática de Características de Desempenho de Equinos Atletas Durante o Salto de Obstáculo” da estudante Ana Luísa Soares de Miranda, da Escola de Veterinária da UFMG.
O trabalho premiado na Semana de Iniciação Científica de 2011, usou como base parte de uma tese de doutorado defendida por Fernanda Nascimento de Godoi em fevereiro deste ano. O objetivo do trabalho de Ana Luisa era avaliar se as características de desempenho avaliadas a distância correspondiam com a análise cinemática.
Todo o trabalho foi filmado na Universidade Rural do Rio de Janeiro (RJ). Foram escolhidos dez cavalos da raça “Brasileiro de hipismo” com o mesmo perfil, que estavam em treinamento e já pulam provas equestres renomadas. Os animais eram colocados em uma pista escura com marcadores reflexivos nas articulações de interesse para análise de desempenho e então filmados com uma câmera especial e as imagens eram analisadas posteriormente em um aplicativo de computador específico, chamado “Simi Reality Motion Systems”, onde eram medidadas angulações, distâncias lineares e velocidade.
Ana Luísa explica que a cinemática oferece detalhes que muitas vezes passam despercebidos aos treinadores. “Ele foca no que está óbvio e o programa oferece uma amplitude maior sobre os potenciais ou pontos fracos daquele cavalo”. Por exemplo, ele percebe que um cavalo recolhe melhor os membros anteriores o que faz com que ele não encoste na vara do obstáculo. Mas, através da cinemática ele pode descobrir que o cavalo tem um movimento de pescoço mais equilibrado, uma flexão de coluna que garante maior propulsão para este animal saltar.
Outro questionamento do estudo era focado na influência que o treinador pode exercer na qualidade de salto do animal e até que ponto uma boa genética pode compensar um mal treinamento. Um diferencial da tese de doutorado, que foi aproveitado no projeto da estudante, foi a tentativa de selecionar animais para o salto o mais precocemente possível e com isso economizar tempo, recursos e mão-de-obra por focar naqueles animais que realmente têm aptidão para o salto. “As avaliações que temos hoje do desempenho são muito subjetivas, baseadas apenas no que o treinador vê. A cinemática dá a visão do todo, o que nos permite observar as potencialidades do animal, planejar melhor seu treinamento e evitar investimento em um animal que nunca conseguirá um salto de elite simplesmente por não ter nascido para isso”, conclui a aluna.
Fonte: UFMG