Mais um post do colaborador do Hipismo&Co Bruno Gomes. Dessa vez ele fala sobre o trote médio e alongado corretos no adestramento.
“Quem pratica ou admira adestramento sempre espera em uma prova um belo trote médio e alongado, porém esses movimentos nem sempre são executados corretamente. Muitos cavaleiros nem imaginam que possa haver complexidade no trote.
Um trote correto precisa de uma demanda igual dos posteriores e anteriores, quando isso acontece as diagonais são paralelas e na extensão total é possível ver um ¨M¨ formado pelas pernas do animal.
Além disso existem as diferenças entre trote médio e alongado: a execução do médio é sobre a diagonal inteira e o pescoço mantém a posição do trote reunido, enquanto que no alongado a máxima extensão do movimento é entre as linhas de quartos e com o alongamento do pescoço. Em ambos a espádua está mais elevada que a garupa
entretanto, isso não é visto regularmente em provas de adestramento. Vemos trotes fantásticos, que as mãos do cavalo avançam com força e altura, mas os posteriores não acompanham a mesma dinâmica.
No adestramento, quando os trotes médio e alongado não possuem o necessário paralelismo são chamados de ¨trotes falsos¨ e há explicações para não execução dos trotes corretos. Uma delas é o cavalo não possuir morfologia adequada para execução desses exercícios ou o emprego de trabalhos que prejudicam não só o movimento mas a saúde e bem estar do animal.
Os métodos mais comentados e discutidos atualmente são a hiperflexão, deep and round e rollkur (em que todos se percebe excessiva flexão de nuca) que por forçarem tanto a frente do animal, impedem que os posteriores avancem, não há descida de garupa, não há posicionamento dos posteriores sob o cavalo, o que causa alem da tensão, o estiramento da musculatura da coluna e pescoço.
Vê-se trabalho com demasiada elevação de nuca cujas consequências são similares a hiperflexão, somado ao encurtamento da musculatura da coluna. Esses mecanismos são comummente usados por atletas de alto nível e muitas vezes conivência por parte de juízes e órgãos responsáveis por fiscalizar eventos equestres. Isso porque mesmo não sendo da forma correta os conjuntos apresentam provas cheias de força e explosão de movimentos, muito atrativo para quem observa, mas sem a devida qualidade.
Essas técnicas se distanciam da equitação clássica por trabalharem o animal ¨de frente para trás ¨ e não ¨de trás para frente¨ como é preconizado por grandes nomes da equitação através de gerações (Nuno Oliveira, Philippe Karl, Baucher, Dominique Barbier, Reiner Klinke, entre outros).”
Bruno Gomes é cavaleiro de adestramento da equipe do Centro Paranaense de Arte Equestre que fica em Piraquara no Paraná.