A amazona Ana Claudia é a entrevistada da semana aqui no Hipismo&Co.
Nome:
Ana Claudia Marinho Cardoso
Nome do cavalo:
Príncipe, Big Jump, Fiel, Fada, Lebre e Percanta.
Onde monta:
No momento monto na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN)
Modalidade/altura/categoria:
Pratico principalmente o salto e o polo, mas também pratico o cce e o adestramento.
Quando você começou no hipismo? Você se lembra da primeira vez em uma hípica?
Quando eu era pequena frequentava a fazenda de um avô, onde montava. Aos 5 anos comecei a montar sozinha nesta fazenda, mas só aos 11 anos comecei a fazer aulas de equitação. Morava perto do colégio militar do Rio de Janeiro e vi na rua uma menina com o uniforme de montaria e um capacete debaixo do braço. Fui perguntar pra ela onde ela estava indo montar e ela disse que montava no CMRJ, onde tinha uma escolinha de equitação. No dia seguinte estava levando a minha mãe lá pra fazer minha matrícula. Depois de alguns anos na escolinha comprei uma égua, daí alguns proprietários começaram a deixar seus cavalos comigo de vez em quando. Aos 18 anos comecei a trabalhar com cavalos de salto e aulas de equitação, só parei quando a faculdade de veterinária realmente começou a tomar tanto meu tempo que eu já não podia mais me comprometer a trabalhar com hipismo, tive que ficar então só com os meus cavalos mesmo, que já me bastam no momento.
Qual foi sua prova inesquecível?
São muitas provas inesquecíveis com muitos cavalos, mas a que eu mais gosto de lembrar foi uma prova em que encarei dois dias de competição com características que não eram as que mais me agradavam. Entrei na prova com uma égua muito amada por mim, mas que era muito pequena (1,48m de altura). No primeiro dia era desempate a 1,20m (eu não gostava porque essa altura é muito forte para ela, que era realmente á pequena). Fui pro desempate e fiquei em segundo lugar. No segundo dia era tabela C (que eu gostava menos ainda porque significava fechar todas as curvas imagináveis e inimagináveis e correr de forma meio kamikaze) e fiquei em primeiro lugar. Por ter encarado bem dois desafios pessoais com uma égua tão pequena e ter tirado boas colocações dentre tantos concorrentes, essa foi a minha prova inesquecível.
Você tem algum ritual antes da prova?
Antes de qualquer prova ou jogo de polo, oro a Deus por proteção. Estamos tão habituados com a prática do hipismo e com os cavalos que às vezes nos esquecemos de quanto o esporte hípico pode se tornar perigoso. Mais do que uma colocação, prezo pelo meu bem estar e dos meus cavalos.
Qual seu concurso preferido no Brasil?
No Brasil acho que o Athina Onassis é preferência nacional né? Mas gosto muito de assistir também os Campeonatos de CCE de 3 estrelas e os torneios de polo de 8 gols pra cima.
Existe alguma prova do qual gostaria muito de participar?
Uma prova em particular não, mas gostaria de participar do Campeonato Brasileiro de Amazonas, do The Best Jump, além de um CCI duas estrelas e de um torneio feminino de polo internacional.
Qual seu ídolo no esporte?
Muitos. Edwina Alexsander com seu cavalo Itot, sou fã do pequenininho. Mary King, Meredith Michaels, Pippa Funnel, César Almeida, Rodrigo Pessoa, Facundo Pieres. São vários mesmo.
O que você mais gosta no ambiente hípico? E o que você mudaria?
Gosto do contato constante com meus cavalos. Sou o tipo de pessoa que chega na baia, olha, escova, monta, ducha. Gosto dessa intimidade, que se reflete depois nos resultados em pista/campo. Não gosto de pessoas que enxergam o cavalo unicamente como objeto de comércio, pessoas que fazem de tudo pra conseguir um aluno, uma compra, uma venda. A paixão pelo cavalo deve vir em primeiro lugar SEMPRE.
O que o hipismo mudou na sua vida?
Tudo. O hipismo é a minha vida, eu não imagino minha vida sem os cavalos, sem montar todo dia, sem saltar, sem competições hípicas, sem polo, sem tardes gostosas só observando meus cavalos soltos. Esse esporte me proporcionou emoções e aprendizados incríveis que não viriam de outra forma, me proporcionou amizades inigualáveis, me permitiu conhecer o homem da minha vida, meu noivo Henry Cardoso, com quem estarei me casando em breve. Eu não seria eu sem os cavalos e o hipismo.
Você tem algum filme ou música que te inspira nos seus treinos? Qual?
Filmes de cavalos existem muitos, mas como tive por muito tempo uma égua pequena pela qual tive muito amor, acho que o “Seabiscuit” com a história de um cavalo pequeno de tamanho e grande de vontade e coração foi um dos filmes hípicos que mais gostei. Para inspirações de treinos sempre procuro vídeos no YouTube ou livros que dizem respeito a exercícios para saltos, correções diferenciadas para cada detalhe do gesto de salto, para cada dificuldade, vídeos de jogos de polo, que mostram estratégias diferenciadas.
Qual foi o cavalo que mais te deu alegria e porque?
Foi essa égua pequenininha, a Shanna. Ela esteve comigo por quase 9 anos, foi a principal responsável por 80% do meu aprendizado e evolução no hipismo, foi a égua que me abriu portas para montar tantos outros cavalos e poder trabalhar com o esporte. Ela me deu muitas vitórias, desde da série 0,90m até o 1,10m e mesmo algumas no 1,20m.
O que seu cavalo representa para você?
Meus cavalos representam tudo pra mim, sem eles não teria tudo isso de maravilhoso que é o hipismo. Quando você tem carinho por seu cavalo, ele demonstra de volta. Talvez não de forma tão evidente como um cão, mas o cavalo demonstra sim, do jeito dele, o carinho que tem por você. Meus cavalos estão sempre em primeiro lugar, foco sempre na felicidade deles. São criados soltos, em piquetes, formaram um grupo social, são alimentados de acordo com suas necessidades individuais, enfim, tudo do jeito que tem que ser. Quem acha que cavalo é feliz dentro de baia está enganado, cavalos são animais que precisam de liberdade e interação social, a história da evolução do sistema digestivo do equino determina que esteja sempre solto. Por esses motivos, procuro sempre proporcionar isso a eles, afinal, a um animal tão nobre que nos permite montar em seu dorso para praticarmos um hobby do qual tanto gostamos, tem que ser dada a melhor qualidade de vida possível.
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Fotos: Arquivo Pessoal Ana Claudia Marinho Cardoso