Um cavalo abandonado há dois meses em uma área de lazer vive como cão ‘vira-lata’ no bairro Bosques do Lenheiro, em Piracicaba (SP). O animal, sempre visto na Rua das Sapucaias, costuma rasgar, como os cachorros, sacos de lixo colocados pelos moradores nas vias. Para evitar o ‘hábito canino’, a vizinhança acaba alimentando o equino.
Uma mulher de 39 anos, que preferiu não se identificar, reclama do lixo rasgado. “O cavalo fica solto diariamente e fuça os sacos com restos de comida deixados pela vizinhança.” A suspeita é de que o animal tenha sido largado por um homem na área de lazer.
Outro morador de 40 anos, que também não quis se identificar, teme pela segurança do animal e das pessoas na rua. “Esse cavalo solto pode provocar um acidente, já que sempre caminha no meio da via. Tanto um carro pode passar e atropelá-lo, quanto ele pode se assustar e entrar na frente de um veículo”, disse.
Medida não é recomendável
Para o médico veterinário Daniel Golcman, especialista em equinos, comer restos de lixo pode gerar sérios problemas para o animal. “Ao comer este alimento, o cavalo não irá encontrar todos os nutrientes que precisa e pode adquirir problemas metabólicos. O certo é ele se alimentar de materiais fibrosos, como capim e feno”, explicou.
Ele conta também que o milho, como o que foi dado ao animal, não é ideal para os equinos. Porém, é melhor do que deixar o bicho comer restos da lixeira. “Mas se ele for alimentado apenas com o grão pode adquirir problemas no desenvolvimento, como carência de cálcio.”
Ainda segundo o veterinário, o cavalo costuma escolher o alimento que quer comer. “A gente diz que este animal é bem seletivo na alimentação, mas com fome ingere qualquer coisa. Ao fuçar lixos ele pode engolir arame e saco plástico que podem dar obstrução gastrointestinal, onde será preciso fazer uma ação cirúrgica, ou ainda ter perfuração na boca ou no esôfago se comer materiais pontudos”, afirmou.
O maior índice de morte de cavalos, ainda segundo Golcman, deve-se à cólica ou desconforto abdominal, que podem ser causados pela ingestão de alimentos impróprios para a espécie.
Fonte: G1