A temporada hípica já começou em algumas cidade do Brasil e os cavaleiros, amazonas e animais voltaram aos treinos e competições.
É costume no meio hípico deixar os cavalos de férias curtindo a liberdade e o pasto verdinho. Esse período de folga para os animais muitas vezes é sofrido para os proprietários que se afastam dos seus queridos companheiros de quatro patas.
A amazona Maria Augusta Montanha escreveu algumas linhas contando como ela encara a temporada de verão longe de seu cavalo. Leia abaixo o depoimento dessa jovem apaixonada pelos equinos.
“Eu amo as férias! É uma delícia estar livre das aulas, testes e obrigações desse tipo, por mais que adore o curso que escolhi. Mas o melhor disso, é ter mais tempo para ficar na hípica. Então logo que acabam as aulas passo a frequentar a hípica mais do que a minha casa. De ficar tanto tempo perto dos cavalos e exposta ao sol fico com a marca de camiseta mais forte nos braços. Vou com os amigos nas sorveterias e restaurantes com a roupa suja da hípica. Fazemos churrascos e festas para celebrar nosso tempo livre com os animais e com as pessoas do meio hípico. Porém as coisas começam a mudar. A temporada de competições acaba, a maioria dos cavalos entra de férias e os frequentadores assíduos da hípica começam a se dispersar pelo litoral.
Eu adoro a praia, o mar, a piscina, o verão e o clima de férias dos lugares que criam vida quando o fim do ano chega, por isso me mando para a praia, assim aquela “linda” marquinha de sol equestre nos braços também se vai. O Natal passa e a virada do ano também, com isso começam as ligações para as pessoas que estão tomando conta do meu cavalo, que ficou na cidade curtindo seu piquete. Depois começo a ter uma “coceirinha” com a vontade de voltar a praticar o hipismo, acho que todos que fazem algum tipo de esporte sentem isso, mas me parece que com os atletas equestres é mais acentuado. Num terceiro momento começo a procurar vídeos no YouTube, ver as novidades hípicas, olhar calendários para planejar o ano e falar cada vez mais sobre o assunto. A vontade de sentir a movimentação e o poder do cavalo torna-se latente. Algumas vezes a família parece não entender essa “crise” e acaba interpretando mal o nervosismo e alguns comentários ácidos sobre a demasiada importância que dou ao cavalo começam a surgir.
Os planos aparentemente infalíveis de escapatória para a cidade e para a antiga rotina são arquitetados, mas normalmente atrasados por algum tipo de passeio familiar, como durante o ano deixei de fazer vários passeios com os familiares por causa do hipismo, cedo à pressão. Mas finalmente o dia da volta para casa chega, e se tudo deu certo, os cavalos também já voltaram para as antigas cocheiras. Por incrível que pareça até o trânsito do caminho para a hípica me faz falta. Entrando nas dependências do clube, lembro de como adoro a grama, adoro o cheiro, adoro a areia da pista, adoro passar a mão no pelo ainda sujo do meu amigo equino, verificar se ele engordou, emagreceu, como estão os cascos e etc. Mas a maior mágica é montar!
Ah como é bom sentir aquela passada e balanço do cavalo, trotar, galopar e sentir que estou em casa.
Sei que esse ano vai ser O ANO, mas mesmo se não for, paciência. Pelo menos eu conheço a felicidade de fazer algo que amo.”